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Era a luz da lua que iluminava durante a noite as ruelas de Desterro até o final do século XIX. Em tempos de festividades, como em 22 de abril de 1831, a Câmara Municipal determinou aos moradores que deixassem suas luzes “acesas” por três dias para celebração. A luz da lua cheia era intercalada pela iluminação pública feita de lampiões acendidos a base de óleo de baleia acendidos manualmente, através de pavios pelas pessoas chamadas acendedores de lampiões. Só em 1868, passou a ser utilizado o querosene e posteriormente, em 1880, o gás globo.
A falta da luz elétrica, algo que já existia nas grandes metrópoles, provocava, na opinião de alguns, a melancolia e o vazio da ilha. As luzes proporcionariam novas formas de lazer e sociabilidade, eram consideradas na época motivo de saúde, faziam da cidade mais higiênica e sem doenças, porque o homem da escuridão estava mais propenso à pensamentos e sentimentos tristes.
Virgílio Várzea (1863-1941), nascido em Canasvieiras e escritor, jornalista e político brasileiro, publicou no começo dos anos 1900 sobre a tristeza da cidade, “A capital catarinense é talvez um pouco triste, para os que estão acostumados nas cidades movimentadas e ruidosas, onde a vida nas ruas, nos cafés, nas brasseries e teatros, constitui, durante o dia e a noite até altas horas, perene diversão pública, saturando a atmosfera em volta de alvoroço e alegria. Com uma pequena população, que não passa de 15.000 almas, disseminada em grande parte por arrabaldes longínquos, com casas comerciais, oficinas e fábricas quase todas acumuladas em um ponto determinado e central, ela só apresenta movimento e bulício do alvorecer ao meio-dia, hora em que as ruas do comércio (Altino Corrêa e João Pinto, principalmente) e a Praça Quinze de Novembro na parte do cais, transbordam de povo, em uma afluência contínua, sobrelevada duas vezes por semana pela feira dos alemães e nacionais, acudindo à cidade com seus gêneros e mercadorias (...). À tarde o aspecto é mais triste; e à noite, com a falta de iluminação a eletricidade ou a gás (o que é incompreensível, hoje, em um centro que tanto tem progredido ultimamente), reina certa melancolia, particularmente se o rebojo do sul bate a cidade, embocando furioso nas ruas e uivando em rajadas”.
Só em 1911 que a administração municipal fez um contrato para iluminar mais áreas da cidade, e não só os entornos da Praça XV. Dizia o contrato que teriam “500 lâmpadas de 50 velas cada uma, acesas durante toda a noite, desde às 6 horas de março à setembro, e desde às 7 horas de setembro à março” ainda 20 “lâmpadas de arco voltaico de 1200 velas até as 10 horas da noite, em domingos e dias festivos até meianoite”.
No momento que se acenderam as primeiras lâmpadas elétricas, na Praça XV e no Palácio do Governo, atual Museu Cruz e Sousa, a banda musical Corpo de Segurança percorreu diversas ruas junto a um grupo de pessoas, contava o jornal Folha do Commercio dia 26 de setembro de 1910. Finalmente as luzes! Você pode ver a primeira lâmpada residencial acesa na cidade no dia 01 de outubro de 1910 no Museu Cruz e Sousa, onde está exposta.
A usina de energia que enviaria para a ilha era a Usina de Maruim, em São José, que até hoje está de pé, tombada pelo Iphan. Localizado na Estrada Geral Colônia Santana, s.n, (paralela a SC 407 km 8) - Colônia Santana - São José.
Próxima parada
Caso você tenha chegado aqui agora e quer continuar descobrindo histórias da cidade, você pode escolher fazer o Roteiro Geral ou o Percurso Estruturas, indicados. Para conhecer mais sobre o projeto, clique aqui.
Siga na Tenente Silveira em direção à Praça XV. Vá até o Museu Cruz e Sousa e atravesse a rua. Na calçada da Praça, em frente ao museu, procure numa caixa de luz junto às árvores o próximo ponto do roteiro geral.
Siga na Rua Trajano em direção ao Largo da Alfândega. Chegando no Largo, passe as construções à direita onde está a Casa do Povo. Ande alguns passos e procure numa estrutura de concreto tipo um banco quadrado, ao lado e bancos semicirculares de concreto, o próximo ponto do percurso acontecimentos. Caso a feira esteja acontecendo, geralmente fica ao lado da barraquinha de flores.
Este texto foi elaborado com base nas seguintes pesquisas:
Vida noturna e cultura urbana em Florianópolis (Décadas de 50, 60 e 70 do século XX), dissertação de História, por Glaucia Dias da Costa
Modernidade Capitalista em Florianópolis-SC e a Dinâmica do Centro Urbano, dissertação de Geografia por Renata Pozzo. Veja no link.
História da Iluminação no Rio de Janeiro - Sécs. XVI ao XX, pesquisa iconográfica por Milton M. Teixeira. Veja no link.