Vamos remar?

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Ponto 6 do Percurso Estruturas
Ponto 3 do Roteiro Geral

Um pouco atrás de onde estamos, encontra-se a antiga edificação de um dos Clubes de Remo da cidade numa época que o mar vinha até aqui. O prédio ainda está conservado, procure ele onde hoje se encontra uma loja de eletrônicos e uma de artigos esotéricos.

Legenda: Prédio do Clube Náutico Martinelli por volta de 1930
Legenda: Capa da Revista Ilustrada sobre o Remo em Florianópolis à direita

Antes de saber mais sobre a dinâmica desse esporte na cidade, vamos entender algumas transformações...

Legenda: Obras de assentamento de esgoto na Rua Trajano, em 1908
Legenda: Obras de assentamento de esgoto na Rua Trajano, em 19110.

A busca por tornar a cidade mais salubre fez com que a administração municipal providenciasse a instalação das primeiras redes de água, esgoto, lixo, energia elétrica, a canalização do Rio da Bulha, onde hoje é o calçadão da Avenida Hercílio Luz, a pavimentação e ajardinamento, a demolição de cortiços, o alinhamento de ruas, o fim dos bondinhos puxados a burro e planejamento da circulação dos primeiros ônibus e finalmente, os primeiros banhos de mar dos habitantes.

Os Clubes de Remo de Florianópolis emergiram nessa atmosfera. Eram considerados regeneradores e promotores do bem estar físico, melhorando ainda a visualidade da cidade, da mesma forma que em outras capitais como o Rio de Janeiro e Porto Alegre. Além disso, a cultura do remo provocava envolvimento da população. O mar deixou de ser o local só de travessia de barcos, mercadorias e depósito de dejetos, era possível contemplar as águas, divertir-se, observar os remadores.

Legenda: Remos no Cais do Mercado Novo 1903

O remo também fortaleceu a cultura dos teatros de revista. As apresentações deste tipo de teatro eram musicadas e mostravam os acontecimentos que despertavam a curiosidade da opinião pública forma cômica, já sendo comuns em outras cidades brasileiras. O remo obteve repercussão neste tipo de encenação, como por torcedoras e remadores que dramatizavam situações, iniciando os primeiros espetáculos à beira-mar até conquistarem o espaço do Teatro Álvaro de Carvalho (TAC).

Legenda: Grupo Teatro de Revista s/d

No começo do século XX surgiu o Clube de Regatas 29 de Março e os Clubs de Ciclistas, assim, além das corridas de remo faziam-se corridas de bicicletas. Essa cultura das regatas, iniciada pelas elites sociais, imitando práticas esportivas francesas e inglesas, atingiu o encantamento da cidade especialmente nos anos 1920, desvinculando-se de onde vinha, a Marinha.

Legenda: Guarnição do Clube Náutico Riachuelo em 1915

Os três Clubes No mês de junho de 1915, foi fundado Clube Náutico Riachuelo nas cores azul e branco, estabelecendo-se num galpão do Rita Maria As primeiras ioles foram nomeadas de Jutaí e Juruá, e as primeiras orientações de disciplina e prática do remo foram realizadas pelo atleta do Almirante Tamandaré de Porto Alegre, o Sr. Valter Fontoura. Nos jornais, as notícias era que os riachuelinos socializavam nas regatas, festas e encontros dançantes, que aconteciam especialmente no Clube 12 de Agosto, localizado na João Pinto nº 30.

Legenda: Veleiro em frente ao Clube Náutico Riachuelo em 1930 no Rita Maria

Em julho de 1915, foi fundado o Clube Náutico Francisco Martinelli. Instalaram- se inicialmente num barracão situado no terreno do Sr. Garcia, nas proximidades da Rua da Praia de Fora, hoje Beira-Mar norte. Escolhendo a letra I para nomear suas ioles, chamaram-se Irajá e Irará. Este se tornou o clube “mais querido da cidade” naqueles tempos, e ganhou de doação, em 1926, do filho de Hercílio Luz uma construção. O grupo construiu um prédio novo, em estilo Art Déco, o que vemos aqui hoje. Foi inaugurado em 1935 e assim ficou até os anos 1970, quando o aterro mandou o mar para longe daqui.

O terceiro Clube de Remo, chamado Clube Regatas Aldo Luz, foi fundado em 1918 depois do Primeiro Campeonato Catarinense de Remo. Estabeleceram-se logo na Rua João Pinto, próxima a sede do Martinelli que vemos hoje. Os torcedores ficavam no Trapiche do Miramar e no cais do Rita Maria, observando as regatas no horizonte!

Legenda: Trapiche Municipal e os remadores do Clube Martinelli após o treino publicado na Revista Ilustrada, em 20 de março de 1920
Legenda: Dia de Regata na Baía Sul e os integrantes do Clube Martinelli em 1920

Próxima parada

Caso você tenha chegado aqui agora e quer continuar descobrindo histórias da cidade, você pode escolher fazer o Roteiro Geral ou o Percurso Estruturas, indicados. Para conhecer mais sobre o projeto, clique aqui.

Se você está seguindo as pistas do Roteiro Geral, lembre que com a modernização das ruas e da cidade veio a racionalização dos saberes médicos. Para descobrir o próximo ponto:

Siga nesta rua em direção à Avenida Hercílio Luz, onde você pode ver um pouco do Hospital de Caridade. Procure no poste de esquina com a Avenida Hercílio Luz e a Nico Luz o próximo ponto do roteiro geral.

Se você está seguindo as pistas do Percurso Estruturas, estamos quase acabando... Para descobrir o próximo ponto:

Siga nesta rua em direção à Praça da Figueira e volte ao Ponto de Partida. Lembra onde era? No poste que se localiza na frente do Terminal de Ônibus Urbano Antigo, onde não há nenhuma edificação, apenas calçada para pedestre, procure o último ponto do percurso estruturas. O lambe-lambe está na parte detrás do posto onde está o ponto de partida.


Este texto foi elaborado com base nas seguintes pesquisas:

Modernidade Capitalista em Florianópolis-SC e a Dinâmica do Centro Urbano, dissertação de Geografia por Renata Pozzo. Veja no link.

Na Alvorada de um Sport: O remo na ilha de Santa Catarina, dissertação de História por Carina Sartori. Veja no link.

As Revistas, seu público e a modernização da cidade, artigo de Artes Cênicas por Vera Collaço e Rosane Fraco Santolin. Veja no link.

Ilha de Santa Catarina, livro iconográfico por Gilberto Gerlach publicado em 2015, Tomo I e II