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As grades de ferro que contornavam a praça foram retiradas em 1912, época que a prática do Footing foi se tornando importante para a vida social da cidade, que tinha relativamente poucos atrativos, além do recém inaugurado cinema no Teatro Álvares de Carvalho. Footing, na língua inglesa, significa caminhar, passear e era o nome dado a um passeio feito a pé, sem pressa, para diversão e socialização, especialmente a partir da década de 1920. Era era nestas imediações que ele acontecia.
As iniciativas de embelezamento da cidade chegaram dentro da praça: por volta da década de 1880 ela foi ajardinada e murada por um gradil de ferro importado da Inglaterra. Saíram dali as barraquinhas, os pombeiros e quitandeiras. Passou a abrir às 9 horas e fechar as 21 horas com o nome de Praça Barão de Laguna. O jardim foi melhorado com trezentas plantas vindas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como Palmeiras Reais, Ciprestes do México, Palmeia e Pinheiro da Austrália, Bananeira de Madagascar. Assim foi inaugurado aqui em 1984 o Jardim Oliveira Belo e só então a Praça se tornou Praça XV.
Em alguns jornais haviam crônicas e poesias, sobre os encontros e os namoros que aconteciam aqui. As expressões usadas para se referir ao footing eram: “fazer a praça” e “footingar” e muitas vezes haviam grupos musicais que tocavam no jardim.
Na década de 1930, o footing foi deixando a praça e indo para a ruas Felipe Schmidt e Arcipreste Paiva, tendo a Praça XV no centro. Dentro da praça ficavam as prostitutas, do lado de fora, nas ruas que cortam a Catedral até a Praça Fernando Machado, os afrodescendentes, marinheiros, carpinteiros, empregadas domésticas, e entre a Rua Trajano e a Felipe Schimitd, a elite da cidade.
O footing era a prática de socialização, onde os encontros e os namoros começavam, mas também conta para nós sobre as distinções sociais marcantes da nossa cultura. Maria do Espírito Santo contou que frequentava o footing da Praça XV, recebendo, muitas vezes, admiração dos moços: “no Carnaval eu sempre namorava homens brancos, depois eles queriam continuar o namoro e eu dizia: acabou, foi só no carnaval, tu foste a minha fantasia”.
Próxima parada
Caso você tenha chegado aqui agora e quer continuar descobrindo histórias da cidade, você pode escolher fazer o Roteiro Geral ou o Percurso Estruturas, indicados. Para conhecer mais sobre o projeto, clique aqui.
Continue descendo a calçada da Praça XV em direção ao mar e pare na Banca de Revistas da Praça. Encontre na caixa de luz ao lado da banca, alinhada com o final da Rua Felipe Schmidt, o próximo ponto do roteiro geral.
Atravesse a rua, e, de frente para o Museu Cruz e Sousa, suba à direita, depois dobre a esquerda na Rua Tenente Silveira. Ande até a esquina da Tenente Silveira com a Rua Trajano, e procure, na esquina da Trajano, numa caixa de luz grafitada e colorida o próximo ponto do percurso acontecimentos.
Este texto foi elaborado com base nas seguintes pesquisas:
“Toda cidade tem seu cantinho, e em Floripa foi o Ponto Chic”: sociabilidade, transformações urbanas e experiências no Café Ponto Chic”, artigo da Revista Santa Catarina em História por Isabella Cristina de Souza. Veja no link.
Um desejo infinito de vencer: o protagonismo negro no pós-abolição, artigo por Petrônio Domingues. Veja no link.
Clubes e Associações de Afrodescendentes na Florianópolis das décadas de 1930 e 1940, por Maria das Graças Maria, publicado no livro História Diversa, Africanos e Afrodescendentes na Ilha de Santa Catarina, organizado por Beatriz Mamigonian e Joseane Vidal.
Ilha de Santa Catarina, livro iconográfico por Gilberto Gerlach publicado em 2015, Tomo I e II