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O registro “Uma festa negra na Ilha de Santa Catarina”, elaborado pelo naturalista Wilhelm Gottlieb von Tilesius da expedição russa que aportou em Desterro por volta de 1803, conta-nos um pouco sobre as danças, batuques e festejos dos africanos e crioulos que aqui habitaram. A imagem parece retratar o acontecimento nas imediações de onde estamos hoje.
Os afrodescendentes, escravos ou libertos, produziam celebrações através das Irmandades de “homens pretos”, como a Irmandade da Nossa Senhora do Rosário. Na época do Natal, celebravam a coroação do rei e da rainha, com homenagens aos santos pelas ruas da cidade. Esse tipo de manifestação ocorreu em muitos locais do território brasileiro e era uma forma, na opinião dos senhores, dos escravos e libertos praticarem o cristianismo, mesmo que de uma maneira diferente. Para os escravos e libertos negros talvez era um dos jeitos de cultivar uma cultura própria, criar laços e se divertir.
O naturalista Adalbert Von Chamisso também deixou um relato para imaginarmos as festas dos negros na ilha: “o Natal como em toda a parte, e aqui também , era a festa das crianças e dos negros. Eles se movimentavam por toda a localidade aos grupos, fantasticamente adornados, indo de casa em casa cantando, brincando, dançando, em troca de insignificantes presentes, entregando-se à mais descontraída alegria. Era a época de Natal, dentro deste mundo de verdes palmeiras e laranjas!”
O catolicismo que os festejos das irmandades praticavam era de cunho popular, ocupando as ruas, com dramatizações e festejos ritualísticos. Muitas vezes haviam celebrações que envolviam batuques, danças e trajes próprios, estes que sofriam mais preconceitos ou repressões por remeter às culturas africanas. Após 1835 que a diretriz do Império passou a proibir e controlar a população cativa e liberta ainda mais. Leis e decretos municipais regulavam o comportamento das ruas, e em 1853 os representantes da Assembleia de Desterro colocaram um fim em qualquer tentativa de festejos por parte da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Buscava-se o “sossego público” e a “ordem” da cidade...
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Este texto foi elaborado com base nas seguintes pesquisas:
Entre a diversão e as proibições: as festas de escravos e libertos na ilha de Santa Catarina, texto por Jaime José dos Santos Silva publicado em História Diversa, africanos e afrodescendentes na ilha de Santa Catarina