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Aqui é a Praça Pereira Oliveira, onde está ainda o antigo Teatro Santa Izabel, construído em 1871 para atender as demandas culturais da província, recebendo o nome em homenagem à Princesa Isabel que justamente assinou as legislações de 1871, a Lei do Ventre Livre e a de 1888, a Lei Áurea, formalizando a abolição da escravidão no nosso país. Veja nas fotos como era as imediações onde veio a ser construído o Teatro.
Mas o primeiro Teatro da cidade foi São Pedro de Alcântara, construído na Rua do Governador, atual Tenente Silveira, funcionando até 1869, quando foi demolido para obra de alargamento da rua. O espaço teatral era especialmente importante para o contexto do século XIX, gerando encontros, socializações e eventos.
Assim surgiram as Sociedades Dramáticas Amadoras. Elas se apresentavam em espaços alugados ou na rua, cobrando ingressos a preços módicos de forma que seu público era popular. Aos 15 anos, o jovem e futuro poeta Cruz e Souza, liderou um desse grupos na Rua da Paz, atual Jerônimo Coelho. Aos 16, juntou-se a Companhia Teatral Dramática Julieta dos Santos, onde viajou o Brasil.
Cruz e Souza, filho do mestre-pedreiro escravo Guilherme e da lavadeira Carolina, escravos da família Sousa, acabou herdando bens da família branca que o criou. Envolveu-se cedo com as artes dramáticas e literárias, aproximando-se das campanhas abolicionistas. Durante a os anos 1880, as sociedades dramáticas amadoras representavam, entre outras obras, peças abolicionistas como a de Arthur Rocha e, assim, ajudavam a arrecadar fundos para a libertação de escravos. O roteiro Santa Afro Catarina pode te ajudar a entender a vida desse poeta simbolista negro. Clique aqui e conheça o projeto.
O Teatro Santa Isabel recebia reclamações do público. Era um ambiente muito quente, onde o ar não circulava e condensava a fumaça de cigarros. Em 2 de julho de 1894, o edifício precisou de uma reforma, tendo o nome modificado em homenagem ao primeiro dramaturgo catarinense. Por isso, chama-se hoje Teatro Álvaro de Carvalho.
Em 1908, o teatro abrigou a primeira sala de cinema da cidade, a Companhia Variedades, que, além de cinema, apresentava operetas, cantores e números de magia. Na década de 1930, foi inaugurado o Cine Paramount no teatro. Em 1955 a casa passou por outra reforma, para evitar seu fechamento definitivo e sua demolição, devido a precariedade de sua estrutura.
Enquanto isso, próximo daqui, outro teatro nascia com força, era o Teatro da União Operária criado na década de 1930, hoje teatro da Ubro, espaço que recebia os grupos de teatro amadores ou grupos pequenos de outras cidade, que tinham pouco espaço na agenda do Teatro Álvaro de Carvalho.
Quer conhecer o Teatro da Ubro? Localiza-se na Rua Pedro Soares, nº 15. Está identificado com o olho Onde Está Desterro.
Próxima parada
Caso você tenha chegado aqui agora e quer continuar descobrindo histórias da cidade, você pode escolher fazer o Roteiro Geral ou o Percurso Estruturas, indicados. Para conhecer mais sobre o projeto, clique aqui.
Siga na Rua Araújo Figueiredo, onde você está, em direção à escadaria do Rosário. Procure o poste de Esquina da Rua Arcipreste Paiva com a Rua Araújo Figueiredo, do lado onde se encontra a Escadaria do Rosário.
Vamos descer até os arredores do Terminal Velho, onde começamos nossa jornada. Para isso, indicamos que você desça pela Rua Arcipreste Paiva, ao lado da Igreja da Matriz, para que veja o antigo Cine Rex, localizado no nº 72, do lado esquerdo de quem desce em direção à Praça XV. Depois, você pode contornar a Praça da Figueira, e entrar na Rua João Pinto, que uma vez foi a rua das casas nobres de Desterro. Quase no final da Rua João Pinto, pegue à direita na Travessa Osmar Nogueira, e logo novamente à esquerda, na Rua Nico Luz. Dê alguns passos e procure em frente ao nº 159, num pilar da Estrutura do Terminal Velho na calçada, o próximo ponto do Percurso Estruturas.
Este texto foi elaborado com base nas seguintes pesquisas:
O Teatro da União Operária, Um palco em sintonia com a modernização brasileira, tese de História por Vera Regina Collaço. Veja no link.
A memória da abolição em Santa Catarina: imprensa, cultura histórica e comemorações (1889-1930), dissertação de História por Fernando Bartholomay Filho. Veja no link.
Cruz e Sousa: Modernidade e mobilidade social nas duas últimas décadas do século XIX. dissertação de História por Maria Elizabete Espíndola. Veja no link.
