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A rua que estamos, a Padre Miguelinho, era onde transitavam muitas celebridades anônimas, como o bilheteiro, o lanterninha, o pipoqueiro, o projecionista… Aqui já foi o burburinho cinematográfico da cidade, provocando a cultura dos filmes entre os ilhéus. Eram 5 salas que funcionavam em torno da rua e mais 2 nas quadras próximas. O Cine Ritz, o Cine Roxy, o Cine São José, o Cine Odeon (TAC), o Cine Cecomtur, o Cine Palace e o Cine Lido. O único cinema localizado mais distante da rua era o Cine Coral, que mais tarde se chamou Cine Carlitos, lá na João Pinto. Podemos ver melhor no mapa:
Assistir um cineminha nos anos de 1940 significava muito mais que ouvir uma nova história… era o momento de socializar, tomar um café, conversar, paquerar, ouvir música e até assistir a espetáculos. Cada estréia de filme era um acontecimento, faziam-se anúncios, novos cartazes, encenações teatrais… tudo para convidar o povo para chegar mais. Os cines ofereciam o que se chamava de "foyer", que nada mais era que uma sala de espera para a platéia, onde era possível comprar guloseimas e fazer uns brindes no bar. Também recebiam orquestras, peças teatrais e formaturas, e podiam ser frequentados por qualquer cidadão, por terem preços módicos, não limitando o acesso da população, como faziam os clubes da “alta sociedade”.
A primeira projeção de cinema de Florianópolis aconteceu no dia 21 de julho de 1900, no Teatro Álvares de Carvalho, chamada de uma “grande exposição de quadros ilusionistas”, onde passaram a ser mais frequentes.
Alguns dos cines que se localizavam por aqui estão descritos abaixo. Para encontrá-los, procure o olho Onde Está Desterro adesivado.
O Cine Rex, Rua Arcipreste Paiva, 422, com saída para a Rua Padre Miguelinho, que estamos Inaugurado em 1935 tinham equipamentos tão modernos que chegaram de navio. Com lugar para 700 espectadores, as sessões formavam filas que davam voltas no quarteirão! Em 1943, o proprietário do prédio criou no mesmo espaço o seu próprio cinema chamado de Cine Ritz, reformando o espaço e fazendo um túnel de saída até a rua que estamos.
Teatro Cinema Popular, Rua Padre Miguelinho, 73 Construído em meados da década de 1930, para ser o Palácio do Arcebispo, a construção deu lugar ao Cine Popular, onde aconteciam festas e apresentações teatrais. Foi um dos primeiros a exibir filmes sonoros. Também se chamou Cine Odeon, mas este foi transferido para o Teatro Álvares de Carvalho. Em 1944 o prédio foi arrendado por Jorge Daux e passou a se chamar Cine Roxy.
Cine São José, Rua Padre Miguelinho, 96 Inaugurado em 1954 por Jorge Daux com os projetistas Moellmann & Raú, tinha uma estética super moderna para o contexto. O interior do edifício teve a colaboração da projeção de Franklin Cascaes. Sua capacidade era 1000 espectadores, o cinema mais elegante da cidade.
Os cinemas já foram locais importantes para a vida da cidade. Algumas cidades, como Porto Alegre, Holanda, Madrid, possuem edificações de cinema de rua reformadas para abrigar um cinema que funciona nos dias de hoje. A edificação do Cine Ritz já tem até um planejamento para que se torne um espaço público cinema, exibindo películas variadas. Veja o projeto, trabalho de conclusão de curso em arquitetura neste link
Próxima parada
Caso você tenha chegado aqui agora e quer continuar descobrindo histórias da cidade, você pode escolher fazer o Roteiro Geral ou o Percurso Estruturas, indicados. Para conhecer mais sobre o projeto, clique aqui.
Suba a Rua Padre Miguelinho em direção à Praça Pereira Oliveira e ao Teatro Álvaro de Carvalho. Procure um banco de concreto junto à mesa de xadrez na Praça Pereira Oliveira, próximo à Rua Araújo Figueiredo, Praça localizada ao lado do Teatro Álvares de Carvalho.
Suba a Rua Padre Miguelinho em direção à Praça Pereira Oliveira e ao Teatro Álvaro de Carvalho. Procure um banco de concreto junto à mesa de xadrez na Praça Pereira Oliveira, próximo à Rua Araújo Figueiredo, Praça localizada ao lado do Teatro Álvares de Carvalho.
Este texto foi elaborado com base nas seguintes pesquisas:
Inventário e Memória, Cinemas de Rua em Florianópolis, elaborado pelo Grupo Pet de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina, publicado em 2013. Veja no link.
Espaço e Cultura: As antigas salas de cinema de rua de Santa Catarina, artigo por Bhrenda Batista, Luís Candeia e Willian Dallabrida, publicado em 2017. Veja no link.
Arquitetura dos cinemas: um estudo da modernidade em Santa Catarina, dissertação de Arquitetura por Ulisses Munarim. Veja no link.
Sessão das Moças: História, cinema, educação (Florianópolis: 1943-1962), tese de História por Alexandre Sardá Vieira. Veja no link.
